E quando você me cansa eu enfio a minha cabeça no fortinho do seu peito, eu que sempre odiei os malhados, e peço a Deus para que eu nunca desista de te odiar tanto assim, porque não pode existir ódio mais cheio de borboletas, notas musicais e passarinhos azuis. Eu quero sim te matar, porque você tem uma mania surda de responder todas as minhas perguntas com um "ãhhh?" enjoado, e eu quero te socar porque você já descobriu tudo o que me irrita e gosta de me ver assim. Mas quando qualquer outra coisa no mundo me irrita, eu lembro que eu tenho você pra me fazer sentir essa raiva nossa de sitcom inteligente. Não somos um casal melado, mas duvido que tenha alguém que duvide do nosso amor. Quer dizer, a gente duvida, mas a gente é louco. E o homem perfeito teria a maior paciência do mundo em me curar dessa loucura, e você tem a maior paciência do mundo em aumentar a minha loucura. Mas eu preciso da minha loucura para escrever coisas geniais e ganhar dinheiro com isso. E sustentar você que, apesar de ganhar bem, é um vagabundo que dorme demais e quer largar tudo para morar na praia. O homem perfeito não é um boa-vida não, mas certamente eu o trairia com você. E sua cara de sonso despretensioso para a vida, enquanto eu coleciono rugas, berros e inchaços. A sua cara de que "não é comigo" vai muito bem com a minha máscara da agressividade que acredita que tudo é comigo. (...) É cansativo viver sem vírgulas porque eu respiro a sua existência 24 horas por dia, e só coloco vírgulas teatrais para você não enjoar de mim. Te amar não é fácil, é quase o anti-amor. É muito quase como se você nem existisse, porque só o homem perfeito mereceria tanto sentimento. E eu te anulo o tempo todo dizendo para mim, repetindo para mim, o quanto você falha, o quanto você fraqueja, o quanto você se engana. E fazendo isso, eu só consigo te amar mais ainda. Porque você enterrou meu sonho aprisionado pela perfeição e me libertou para vivê-lo. E a gente vai por aí, se completando assim meio torto mesmo. E Deus escrevendo certo pelas nossas linhas que se não fossem tão tortas, não teriam se cruzado.
Nosso cotidiano na era digital
Hoje tive saudade do tempo que minha única preocupação era encontrar dentro do meu quarto bagunçado o bibico na hora de ir pro colégio as 6 da manhã, , e todo dia era uma confusão em casa, casa essa que morava 4 garotas, hoje cada uma tomou seu rumo e foi viver suas vidas, brigávamos muito mais gostávamos umas das outras como tinha de ser, então eu ia pro colégio, pegava todos os dias o mesmo ônibus , e minha diversão era imaginar a vida daquelas pessoas que eu via todos os dias, imaginava o que pensava, para onde iam, se eram felizes, e se eram amadas, hoje na minha vida corrida, paro pra pensar em como os outros trilhões de pessoas que estão no mundo vivem, pensam, e amam, e porque existe tantas formas diferentes de se amar, de ser feliz, e ter um dia bom, a vida é tão corrida que tem dias que é necessario respirar fundo para que a vida entre nos eixos. Naquela época eu nem tinha computador, não vivia na era digital, e das redes sociais, tá sã...
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